TB nas prisões
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa transmitida pelo ar através da tosse, na maioria dos casos. Atualmente, a TB representa a principal causa de morte por infecções – está à frente, inclusive, da aids. Por isso, o enfrentamento da tuberculose é um desafio para a saúde pública global.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), dois milhões de pessoas são vítimas fatais da tuberculose por ano. A dificuldade de acesso à informação e aos serviços de saúde, além de condições e estilos de vida, são fatores que contribuem com a disseminação da doença.
TUBERCULOSE NO BRASIL
Cerca de 78 mil novos casos por ano
Cerca de 4,5 mil mortes por ano
Coeficiente de incidência:
36,2 casos por 100 mil habitantes
O Brasil é um dos 30 países com maior incidência de tuberculose. Em 2018, o país registrou 78 mil novos casos - destes, 12% foram notificados em unidades prisionais.
SINAN, 2018.
Algumas populações estão mais vulneráveis à bactéria da tuberculose e, por suas condições de vida e saúde, apresentam maior risco de desenvolver a doença. É o caso das pessoas privadas de liberdade, pessoas em situação de rua, populações indígenas e pessoas vivendo com HIV.
O risco de se contrair tuberculose no sistema prisional é 34x maior do que entre a população em geral. Em algumas regiões brasileiras, essa proporção é ainda maior.
Fonte: Sinan/MS e IBGE (2013), Sinan/MS, IBGE e DCCI (2017), Tbweb, SP, 2015 e Pessoa em Situação de Rua: Censo São Paulo capital (2015) e Sinan/MS, IBGE e Infopen (2016).
Nesse contexto, é necessário destacar que a maior parte das pessoas privadas de liberdade é do sexo masculino, pertence a comunidades economicamente desfavorecidas, possui baixa escolaridade e histórico de vulnerabilidade. Em alguns casos, fazem uso abusivo de álcool e outras drogas, têm maior prevalência de infecção por HIV e não possuem qualquer informação sobre sua saúde e a doença.
Considerando as condições anteriores ao encarceramento e o ingresso no sistema prisional, outros fatores contribuem com a transmissão e o adoecimento por TB nas unidades:
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dificuldade para reconhecer os sintomas da TB;
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confusão dos sintomas, já que a tosse contínua – o principal sinal da doença – é geralmente atribuído ao uso do cigarro;
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vergonha e medo de sofrer exclusão dos colegas caso seja confirmado o diagnóstico, visto que a TB é uma doença ainda cercada de preconceitos e estigma;
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dificuldade de acesso aos serviços de saúde no sistema prisional;
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diagnóstico tardio e tratamento irregular.
Apesar de altamente perigosa,
a tuberculose tem cura.
Para vencer
a tuberculose
é preciso ir até o fim
do tratamento.
Diante desse cenário, os casos de tuberculose nas prisões representam um desafio à saúde pública brasileira. Para reduzir a tuberculose no país, é necessária a implementação de ações estratégicas de controle da doença no sistema prisional a partir do acesso à informação sobre prevenção, transmissão, diagnóstico, adesão ao tratamento e cura. Essas são as premissas do projeto Prisões Livres de Tuberculose, que estão inseridas em ações de educação e comunicação em saúde, reorganização dos fluxos de assistência à saúde e ações em saúde – condições fundamentais para uma política pública efetiva de controle da TB nas prisões